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Diabetes

Análogos de GLP1: novas indicações a caminho?

Escrito por Luciano Albuquerque

Os análogos de GLP1 (aGLP1) têm revolucionado as condutas médicas nos últimos anos. Em pacientes com diabetes tipo 2, os aGLP1já demonstraram alta potência na redução dos níveis glicêmicos, redução de desfechos cardiovasculares e microvasculares. Na obesidade, trata-se da classe de medicamentos atualmente disponível com resultados mais expressivos na redução do peso, com segurança clinica já demonstrada. Tais fatores posicionaram os aGLP1 como agentes de escolha no tratamento dessas duas condições tão prevalentes.

Além do pâncreas, os receptores GLP-1 são encontrados no cérebro, células de gordura, coração, fígado e outros órgãos. E estudos em animais e humanos vêm apontando uma série de possíveis usos para os agonistas desses receptores onipresentes.

 

Tabagismo

Um estudo piloto designou aleatoriamente 84 pessoas que fumavam e eram pré-diabéticas, com sobrepeso ou ambas para receber injeções semanais de exenatida ou um placebo por 6 semanas. Todos no ensaio também receberam adesivos de terapia de reposição de nicotina e breve aconselhamento sobre a cessação do tabagismo. No final do estudo, cerca de 46% dos participantes que receberam exenatida pararam de fumar, em comparação com 27% do grupo placebo. Novos estudos fase 2 com a própria exenatida e com semaglutida estão em andamento.

Alcoolismo

Dados de registros nacionais na Dinamarca apontam que os pacientes em uso de aGLP1 tiveram menos eventos relacionados ao álcool do que aqueles que tomavam inibidores da DPP4, outra classe de medicamentos usados para tratar o diabetes tipo 2. No entanto, o único ensaio randomizado concluído de um aGLP1 envolvendo pacientes com transtorno de uso de álcool descobriu que a exenatida não era melhor do que o placebo para reduzir os dias de consumo mais intenso, exceto em um subgrupo de participantes que também tinham obesidade. Cabe a observação que a substancia é um derivado do exendin e não um agonista direto. Além disso, tem menor passagem pela barreira hemato-encefálica com consequente menor concentração no SNC.

Atualmente, dois estudos prospectivos e randomizados avaliando os efeitos da semaglutida na redução do consumo de álcool estão em andamento.

Parkinsonismo

Um estudo fase 2, recém-publicado na NEJM, randomizou 156 pessoas com Doença de Parkinson diagnosticada há menos de 3 anos, para receber lixisenatida ou placebo. Após 12 meses de seguimento, o grupo em uso da medicação teve menor progressão de sintomas motores. Estudo anterior com a exenatida alcançou resultados similares. Apesar de significativo, o resultado é considerado de baixa relavancia clínica, cabendo uma avaliação do efeito da intervenção em prazo mais longo.

Alzheimer

Em análises dos estudos clínicos com os aGLP1, na avaliaçao das faixas etárias mais avançadas, foi observado que as pessoas que receberam o agonista do receptor GLP-1 eram menos propensas a relatar comprometimento cognitivo ou demência. Bancos de dados de sistemas de saúde de diversos países demonstraram achado semelhante. Estudos em animais encontraram menores concentrações de citocinas inflamatórias no SNC de animais trtados com aGLP1, sugerindo efeito neuroprotetor. Atualmente 2 ensaios multicêntricos  de fase 3, incluindo aproximadamente 1840 participantes cada, estão avaliando o efeito da semaglutida oral na proteção cognitiva. Estamos a espera dos resultados.



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Sobre o autor

Luciano Albuquerque

Preceptor da residência em Endocrinologia do HC-UFPE e da residência em Clínica Média do Hospital Otávio de Freitas. Presidente da SBEM regional Pernambuco no biênio 2019-2020.

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